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Carnaval sustentável

O carnaval é a festa mais famosa do Brasil, faz parte da nossa cultura. Quem não gosta de festejar, gosta pelo menos do feriado não é mesmo?

Pulando carnaval…
… ou assistindo Netflix

Um fato curioso sobre o carnaval é que a palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é retirar a carne. O significado está relacionado com o jejum que deveria ser realizado durante a quaresma e também com o controle dos prazeres mundanos.

Mas o post não é sobre isso. O post é sobre a sujeira que é produzida durante o carnaval.

Você deve estar se perguntando: “Mas o que é que a sujeira produzida durante o carnaval tem a ver com o veganismo?” Calma que eu te explico! Como eu sempre digo aqui, o veganismo tem três pilares fundamentais: os animais, o meio ambiente e a saúde. E essa sujeira afeta todos eles.

O glitter por exemplo, que é o queridinho de todos, na maioria das vezes é feito de plástico, os microplásticos, como são chamados as minúsculas partículas feitas desse material que, basicamente, não se decompõe, são um perigo na natureza, principalmente nos oceanos. Quando você toma banho para tirar o glitter, as partículas coladas em seu corpo escorrem pelo ralo e se juntam às 8 milhões de toneladas de plástico que são lançadas nos oceanos todos os anos. Por conta de seu tamanho, é praticamente impossível recolhê-los e, por essa razão, eles somam 85% de todo o plástico encontrado na natureza.

Uma pesquisa publicada em 2015 na revista “Nature” estimou que cerca de 8 milhões de toneladas métricas de plástico chegam anualmente nos oceanos. E outro levantamento, divulgado na “Environmental Research Letters”, indicou que até 236 mil toneladas métricas seriam de microplásticos — uma quantidade 37 vezes maior da calculada até então. A diferença equivale ao peso de 1.300 baleias azuis.

Já nas águas, os animais acreditam se tratar de comida, e acabam ingerindo grandes quantidades de plástico. Os danos atingem desde o plâncton até as baleias. Sem falar na saúde: vocês comem esses peixes intoxicados!

Ictioftiríase é a doença conhecida popularmente como “pontos brancos” que dá em peixinhos.

 “Mas e se tirar com algodão, daí tudo bem?

Bom, primeiro que quero ver alguém chegar bêbado da festa e se lembrar de tirar tudo com um algodão certinho, mas mesmo que o fizer isso, plástico continua sendo plástico e pode levar mais de um milhão de anos para se decompor. Na terra ou na água, ele terá impacto.

Tarutao national park, Thailand

Mas gente, eu vou ficar sem meu brilhinho em pleno carnaval?

CALMA que eu nunca trago um problema sem apresentar a solução.

Desde o ano passado que a discussão sobre glitter começou a ganhar mais força, muitas marcas se especializaram na produção de glitter biodegradável, algumas delas: Pura Bioglitter, Caminito, Glitra, Brilhow, Zim Color, Glitterglitter, Lua Branca, Glitterevolution (importada), Lola (gel pós sol), Shock, EcoDiva, Bisa no Ar, Contém Glitter, Viva Purpurina.

Você pode também usar glitter comestível de confeiteiro que é utilizado na decoração de bolos e doces, é biodegradável e está liberado usar na pele para o Carnaval (mas é sempre bom ler os ingredientes, alguns contêm plástico).

E se mesmo depois de todas essas dicas, nenhuma te agradou, não tema! Aqui vai duas receitinhas de glitter caseiro que você pode fazer:

Originalmente essa receita era feita com gelatina, mas como sabemos, gelatina não é vegana, então como substituto podemos usar o ágar-ágar, e além disso ele possui um poder gelificante dez vezes maior que o da gelatina animal.

Ingredientes:

  • 1 colher de sopa de gelatina vegetal em pó;
  • 1/2 xícara de água de beterraba gelada (ou algum outro alimento que dê cor à água)

Modo de preparo: Cozinhe as beterrabas (pode comer elas) e leve a água restante (que sobrar do cozimento) ao fogo para evaporar até a quantidade reduzir a meia xícara e concentrar bem a cor da beterraba (ou outro alimento que dê cor à água, como cúrcuma, spirulina, urucum).

Coloque a gelatina em pó num pote de vidro e borrife a água de beterraba gelada uniformemente, sem misturar. Coloque no micro-ondas por 30 segundos, parando a cada dez segundos para misturar. Pincele a gelatina na superfície lisa escolhida – como uma forma, tapete de silicone ou algo do tipo. Deixe secar por no mínimo seis horas. Depois de seco, corte a folha em pedaços menores. Por fim, bata tudo no microprocessador ou liquidificador. Para obter glitter ecológico grande e pequeno utilize uma peneira.

Ingredientes:

  • 1 xícara de sal;
  • 1 colher de sopa de corante caseiro (ou algumas gotas do comprado, a gosto).

Modo de preparo: Basta misturar sal com corante alimentício (cor de sua escolha) em um potinho, deixando secar de 3 a 4 horas antes de usar. Para maior fixação da cor, você ainda pode assar seu glitter caseiro de sal no forno (10 a 15 minutos, a 180 °C). Vale lembrar que, para grudar no corpo, você vai precisar usar algo grudento como base, como vaselina, gloss, gel natural da babosa, protetor solar ou bases naturais líquidas também funcionam.

O pó de mica é uma espécie de “glitter natural“. Isso mesmo, ele ocorre naturalmente no planeta. O pó de mica vem das rochas, então se você lavar no chuveiro e ele voltar para o ambiente não tem problema, pois é de lá que ele veio.

É possível encontrar pó de mica nas cores dourada, prateada, branca, preta, marrom, roxa, verde, entre outras. A mica também é conhecida como pigmento em pó, e é muito utilizada na coloração de sabonetes e cosméticos. Ela pode ser encontrada em lojas que vendem itens para produção de cosméticos artesanais.

Outra opção é misturar um pouco do pó de mica junto com as outras receitas. Depois que o glitter ecológico de sal ou de ágar-ágar já estiver pronto, junte um pouquinho de mica na cor desejada e misture bem. A mica é bem brilhante e vai dar um tom mais próximo do glitter de plástico nas misturas de glitter ecológico.

“Mas o pó de mica não é aquele que dá coceira?”

Não! Esse é o pó de mico. O pó de mico é oriundo dos tricomas que cobrem as superfícies das vagens de trepadeiras, estas plantas possuem uma enzima proteolítica chamada mucunaína que provoca intensa coceira quando em contato com a pele. O pó-de-mico é usado na medicina popular para combater os vermes intestinais, ingerido misturado com mel. É também utilizado como brincadeira de mau gosto, onde é lançado sobre outra pessoa a fim de provocar coceira.

Já o pó de mica vem da mica, que é um grupo de minerais e na indústria de cosméticos são utilizados para realçar os produtos com nuances de efeito brilhante.

Além do glitter, os copos descartáveis também são grandes vilões do meio ambiente, tente levar sua própria caneca para os bloquinhos, ou então um copo de silicone reutilizável, do menos 1 lixo (infelizmente no site eles não estão aceitando mais pedidos até o dia 15 de março, mas quem sabe você não encontra em alguma loja física?)

Além do plástico, outro que contribui com a poluição no carnaval são os confetes e as serpentina, que apesar de serem feitos de papel, é muito improvável que sejam reciclados após o uso, não é mesmo? Além disso os confetes são pequenos e ainda podem ficar molhados, o que dificulta esse processo e acabam indo para bueiros e para o mar.

Uma opção é criar seus próprios confetes sustentáveis: Junte folhas e flores secas (vale pegar do chão) usar um furador de papel para cortar no formato dos confetes.

Voltando ao nosso pilar sobre animais, na hora de escolher uma fantasia, faça como a Luisa Mell e adote o uso de roupas sem penas de verdade.

Em 2017 a escola de samba Águia de Ouro fez seu desfile sem penas e plumas de animais, mas essa ainda não é uma prática que todas as escolas adotaram, existe muita cobrança por parte de ativistas, tentativas diversas, como esse abaixo assinado por exemplo. Mas a melhor maneira é começar por nós mesmos, ao escolher uma fantasia, certifique-se que as penas usadas não são de animais de verdade, o processo de retirada das penas é uma coisa extremamente cruel e desnecessária, acontece com o animal ainda vivo, amarrado pelo pescoço e pelas patas. Apesar de não ser tão comum vermos fantasias oriundas de animais de verdade, ainda acontece.

Carro abre-alas da Águia de Ouro na concentração

E além de tudo isso, é claro, jogue lixo no lixo, porque de nada adianta estar montada com a bandeira ambientalista, cheia de glitter biodegradável mas continuar jogando lixo no chão e deixar garrafas pets pela rua, ok?

Compartilhe essa ideia com os amigos! Curta o carnaval mas não se esqueça, o mundo precisa de nós!

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ESCRITO POR
Luiza Helena
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