No último mês, um amigo muito querido viajou para Itália e ficou bobo com a diversidade de produtos veganos que encontrou por lá. David é ovolactovegetariano há 1 ano e meio, o que mais o motivou foi seu amor pelos animais e também o fato de cursar Medicina Veterinária. Pedi para ele descrever um pouco sobre como foi a experiência na Europa em relação ao veganismo e agora compartilharei com vocês!
“Toda vez em que penso em viajar já bate aquele medo de chegar no lugar e passar fome por não ter opção sem carne, principalmente quando é em outro país! Minhas férias foram na Itália e já fui pensando que não ia comer nada e que a parte gastronômica da viagem seria bem triste, mas quebrei muito a cara. Logo de primeira, quando cheguei, fui fazer um lanchinho e bati de frente com um monte de opção vegetariana e vegana, era lanches naturais, croissant, cookies e até bebidas. Muitas opções super gostosas em um mesmo lugar e sendo que era uma cafeteria bem simples e “tradicional”.
“Para melhorar ainda mais a viagem, logo depois que tinha me acomodado no apartamento, fui em um supermercado para comprar uns snacks… e fiquei mais chocado ainda! O lugar era muito pequeno e tinha tanta opção vegana e vegetariana que fiquei até perdido. Os produtos variam de comida a bebida, de doce a salgado e de enlatados a produtos frescos do próprio mercadinho.”
“Claramente o supermercado virou minha segunda casa nessa viagem, tentei experimentar de tudo um pouco, e como se já não tivesse muito bom, todos os produtos tinham preços muito justos e até mesmo baratos (mesmo convertendo algumas coisas que são em comum com o Brasil, lá saiam muito mais barato).”
“Pelo que deu para perceber os supermercados tentavam fazer uma sessão selecionada para os produtos, porém era tanta variedade e opção que eu acabava encontrando por todo supermercado. A facilidade de fazer uma compra só de produtos veganos em um mesmo lugar era impressionante!”
David também disse que era comum encontrar food trucks veganos pelas ruas.
Também contou sobre um lugar que servia aperitivos “a vontade” e tinha diversas opções veganas (que foram muito além de salada, fica a dica para alguns lugares aqui no Brasil que dizem oferecer opção vegana mas quando vamos ver é salada).
David comentou sobre a nítida diferença entre a posição italiana em relação ao veganismo e a brasileira. Esses tempos estava vendo uma influencer falando sobre a mesma questão. Gio Serrano é uma digital influencer que está passando as férias no Hawaii com suas amigas, há uns dias compartilhou com seus seguidores que adotou ao projeto 21 dias sem carne e que lá está sendo tranquilo para ela adotar uma dieta vegetariana estrita por conta da diversidade de produtos que existem, disse também que não sabe se conseguirá se manter fiel ao movimento por não saber se encontrará tantas opções aqui como encontra por lá. Mas afinal, o que acontece para o Brasil ser tão atrasado em relação ao veganismo?
Atualmente, 14% da população brasileira se declara vegetariana, enquanto na Itália 10% se declaram.
Existem algumas diferenças que podemos chamar a atenção quando comparamos Brasil e Itália: a economia, a cultura e a origem do veganismo.
A economia
A Itália é berço de uma das civilizações mais antigas do mundo, o que favoreceu para que atualmente esteja entre um dos países mais desenvolvidos da Europa, o Brasil por outro lado, ainda está engatinhando e devido a um histórico conturbado de relações com outros países e crises internas, somos ainda um país emergente. A primeiro momento esse é um ponto forte que difere os países.
Enquanto o Brasil está preocupado em recuperar o tempo perdido e crescer economicamente falando, a Itália já atingiu esse patamar há um tempo e pode focar em questões mais ligadas ao bem estar da população (o que na verdade deveria ser trabalhado ao mesmo tempo da corrida ao crescimento, né senhores políticos do Brasil?).
Podemos ver a diferença entre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos países para ilustrar melhor a discrepância entre eles.
A cultura
Quando vemos pratos típicos italianos, o que mais encontramos são massas. Segundo esse site, das 10 comidas típicas da culinária italiana, somente 1 é necessariamente feita de carne: o carpaccio. Enquanto no Brasil, de acordo com esse site, de 18 comidas listadas, 11 são feitas com carne. Ou seja, querendo ou não, também é um questão cultural. No Brasil, a cultura da carne é muito forte e instalada nos brasileiros desde que nos entendemos por gente, sendo mais um empecilho para instaurar o veganismo.
Na imagem: fettuccine vegano (prato típico italiano)
A origem do veganismo
O maior órgão responsável pelo veganismo na Itália é o Vegetariani, que surgiu em 1952, enquanto no Brasil, a Sociedade Vegetariana Brasileira só foi surgir em 2003. Ou seja, os italianos estão há 51 anos a mais que nós brasileiros instaurando medidas veganas no país. Então é de se esperar que o avanço lá seja maior.
Porém não temam! A SVB tem feito avanços incríveis e vem crescendo cada vez mais. Ano passado a ACE declarou que a SVB é uma das 12 ONGs mais eficazes na defesa dos animais do mundo todo! A tendência é que o veganismo se expanda cada vez mais por aqui. Esperamos que em um futuro não tão distante seja possível encontrar essa abundância de opções veganas em estabelecimentos locais também. Apesar de que em grandes centros urbanos existe uma variedade de opções, elas tendem a ser mais caras (por conta da lógica de oferta X demanda) e mais restritas a esses grandes centros.
Na imagem: Um reunião da SVB em 2008 e outra 10 anos depois, em 2018.
Lutamos para que esse dia chegue logo. E você também pode fazer sua parte, ao seguir páginas que abordam esse assunto, ao apoiar pequenas marcas veganas, ao pedir uma opção vegana em algum estabelecimento local, ao espalhar a ideia… São pequenas coisas que podem ser feitas para espalharmos a ideia e conseguirmos salvar os animais, o mundo e as futuras gerações.
E aí, você espera algum dia sair com pressa pelas ruas e encontrar um food truck vegano, independente de estar na grande São Paulo ou em uma cidade do interior? Faça a conexão!