Pesquisar
Close this search box.

A realidade por trás do consumo de leite: animais, meio ambiente e saúde

“Ah não, você não quer que eu fique sem meu leitinho né? É muito bom e se eu não tomar eu vou ficar com osteoporose!”

Calma lá meu jovem amigo, primeiro que você não é um bezerro para tomar o leite da vaquinha. O leite que foi fundamental para o seu desenvolvimento e criação foi o da sua mamãe e esse você já tomou.
Depois de ler esse post você vai tirar todas suas dúvidas e esclarecer alguns mitos sobre o leite. Preparado para tomar essa pílula vermelha? Se sim, continue lendo.

Matrix (1999) – Tomando a azul, Neo voltará à sua ilusória e superficial vida; se optar pela pílula vermelha, conhecerá a verdade que está por detrás do mundo que julga ser real. Neo arrisca e opta pela pílula vermelha, conhecendo, finalmente, a complexa verdade por detrás do seu mundo de aparências.

“Embora o leite seja fonte de nutrientes como cálcio, a recomendação frequente omite informações importantes para o consumidor e reforça mitos entre a população. Dentre esses, um dos principais é o mito de que o leite é fonte única de cálcio e seu consumo é necessário para boa saúde óssea. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, a exclusão do leite da dieta não é prejudicial à saúde de quem segue uma dieta balanceada.”

O trecho retirado do livreto: Saiba mais sobre o leite, da Sociedade Vegetariana Brasileira, já começa nos trazendo a informação que todos se apavoram ao pensar: você não vai morrer se ficar sem tomar leite.

Como sempre faço, abordarei a questão do porquê não consumir leite dentro de três pilares básicos para o veganismo: os animais, o meio ambiente e a saúde.

Animais

A maioria das vacas leiteiras é criada em confinamento intensivo durante a maior parte do tempo, em pequenas celas e submetidas a máquinas de ordenhas industrial que combinadas com modificações genéticas feitas ao longos dos anos que fizeram com que a produção de leite aumentasse em 5 vezes mais do que há 50 anos, é normal que as vacas sofram inflamações severas nas tetas, gerando pus, que pasme – é aceito no leite comercializado.

Muitas pessoas acreditam que as vacas produzem leite naturalmente e que suas tetas irão explodir se não forem ordenhadas. Entretanto, isso não poderia estar mais longe da verdade. Primeiramente, todas tem que engravidar para dar leite.

Para engravidar as vacas submetidas ao processo de inseminação artificial, que é feita pela imobilização da vaca, procedimento conhecido como rape rack (“instrumento de estupro“). Uma vez que a fêmea seja contida – e assim não represente perigos se ela tentar evitar o estupro – uma pessoa insere o seu braço no reto do animal para posicionar o útero corretamente e, em seguida, colocar um instrumento de metal em sua vagina.

Uma vez que seu bezerro nasce, ele é separado à força, normalmente dentro de 24 horas para que a produção de leite não seja afetada. Nesse processo a indústria ignora o cuidado maternal que as vacas tem com os filhotes, causando desespero, frustração e estresse. As mamães continuam emitindo sons ao longo de vários dias em busca da cria roubada.

Na indústria os filhotes machos são abatidos como “novilhos” ou criados para “carne de vitela” (o que é assunto para um próximo post). Enquanto as fêmeas tem o mesmo destino das mães.

Uma vez que os corpos de vacas leiteiras tenham sido muito explorados e a sua produtividade decline, elas são enviadas para o abate e seus corpos são moídos para se tornar a carne do hambúrguer – que normalmente tem uma grande fatia de queijo derretido sobre ele.

As vacas poderiam viver mais de 20 anos, mas dentro da indústria não passam de 5 ou 6 anos.

As vacas “felizes”, que vivem soltas pelas fazendas e são tratadas bem pelos donos, sofrem do mesmo mal que as vacas em confinamento, também tem que engravidar e ter seu bezerro separado dela, ou em casos que o bezerro permanece com ela, sua alimentação é deixada em segundo plano.

Além do sentimento da dor da separação com seu filhote, estudos mostram que as vacas são animais muito sociáveis e podem ter seus próprios grupos de amigos.

Elas são muito curiosas e gostam de explorar (porém as que vivem em confinamento não tem nem espaço para conseguir fazer isso). É possível identificar seus sentimentos pela posição de suas orelhas, assim como é possível identificar o sentimento de cães e gatos pelo rabo. Quando estão muito animadas, as vacas dão pulinhos.

http://gph.is/1P5A8ZR

Meio ambiente

Somos 7 bilhões de humanos e mesmo assim abatemos 10 vezes mais animais terrestres (colocando os marinhos na conta o número sobe para quase 150 bilhões) todos os anos para consumo.

Esses 70 bilhões de animais ocupam 30% das áreas terrestres para pastagem. Os dejetos produzidos pelos bilhões de animais são frequentemente despejados no ambiente sem tratamento e acabam infiltrando o solo e contaminando lençóis freáticos, reservatórios e aquíferos.

O setor agropecuário é o responsável por 90% do consumo global de água – e ao menos um terço é destinado à criação de animais.

Agora, focando nas vacas.

Uma vaca leiteira produz aproximadamente 50 litros de excrementos por dia, 25 vezes mais do que 1 humano. E para a produção de 1kg de leite são necessários 715,5 litros de água potável. Os derivados do leite também consomem muitos litros de água, para a produção de 1kg de queijo são usados 5280 litros de água e para 1kg de manteiga, 18000 litros de água.

Saúde

Como dito no trecho retirado do livrete logo no começo do post: ficar sem leite não mata.

Vamos começar desmitificando o poder do leite respondendo a seguinte pergunta: como prevenir a osteoporose sem o uso do leite?

E para responder isso, precisamos primeiro entender o que é osteoporose.

“A osteoporose é uma condição mais comum em mulheres acima dos 45 anos que deixa os ossos frágeis e porosos. À medida que vai progredindo com o avançar da idade, a doença aumenta o risco de fraturas, especialmente do quadril, da costela e colo do fêmur.”

Para preveni-la devemos, desde a infância, ter uma alimentação saudável, rica em cálcio, praticar exercícios físicos e tomar sol diariamente.

O cálcio por sua, tem o mito que só pode ser encontrado no leite, mas na verdade está presente sim em alimentos de origem vegetal, como por exemplo vegetais verdes escuros, castanhas, gergelim, tofu e leites vegetais fortificados.

Em alguns desses alimentos, como por exemplo a couve, o repolho, o brócolis e a couve flor, a absorção do cálcio pelo corpo pode ser maior do que a do leite animal, sendo entre 50% e 60%, enquanto a do animal não passa de 30%.

E quanto a quantidade que deve ser ingerida? Uma dieta que inclua de 6 a 8 porções diárias desses vegetais citados na tabela atinge a recomendação de cálcio para um adulto.

Acalmou o coração em relação ao cálcio meu jovem? Ah, e uma curiosidade interessante: O nível de consumo de laticínios nos Estados Unidos é um dos mais altos do mundo, e mesmo assim as taxas de osteoporose e fraturas também são uma das mais elevadas do mundo!

Então vamos para a próxima parte.

“Além do cálcio, outros nutrientes são necessários para a formação e mineralização óssea, como vitamina D, magnésio, manganês e cobre.”

E você aí só ficando em choque por conta do cálcio… Mas mesmo assim, todos esses nutrientes (com exceção da vitamina D) estão presentes em alimentos como sementes, castanhas, gérmen e farelos. A vitamina D é fundamental de auxiliar a retenção de cálcio pelo organismo e é adquirida pela obtenção da exposição solar.
Sim, você e uma plantinha tem coisas em comum, ambos precisam de sol.

Agora já desmitificamos todas as crenças populares que envolvem o leite, cálcio e osteoporose, trago algumas curiosidades um tanto quanto nojentas para ficar na sua cabeça:

“A legislação brasileira permite a presença de até 500 mil células somáticas (o pus- proveniente de inflamações nas tetas da vacas) por mililitro de leite. Ou seja, um copo de leite pode, legalmente, conter até 125 milhões de células somáticas. E além do pus, a legislação também permite a presença de fungos, bactérias, antibióticos e pesticidas no leite comercializado. São consideradas aceitáveis, por exemplo, até 300 mil bactérias por mililitro.”

Eu não sei nem o que sentir. Essa imagem me representa agora depois de ler isso:

Intolerância à lactose

O que é? A intolerância à lactose, também conhecida como deficiência de lactase, é a incapacidade que o corpo tem de digerir lactose – um tipo de açúcar encontrado no leite e em outros produtos lácteos. Ela ocorre quando o intestino delgado deixa de produzir a quantidade necessária da enzima lactase, cuja função é quebrar as moléculas de lactose e convertê-las em glucose e galactose.

Agora, alguns fatos: Você sabia que o ser humano é o único mamífero que toma leite mesmo depois de adulto? E sabia que estudos estimam que até 50% da população brasileira possa desenvolver intolerância à lactose em algum momento da vida?

Os dois fatos podem sim estar ligados entre si. Nossos corpos não são projetados para digerir o leite depois de certa idade, ainda mais o leite de um animal de outra espécie. A única razão pela qual algumas pessoas não são intolerantes à lactose é porque, em algum lugar ao longo da linha da história, os humanos desenvolveram uma mutação que lhes permitiu beber leite sem sentir desconforto – muito provavelmente para que sobrevivessem aos meses de inverno, quando a comida era mais escassa.

Agora você deve estar se perguntando: “mas o que eu tomo no lugar do leite?Leite Vegetal, é claro!! Não temam que no post de Domingo, trarei uma série de receitas de leites vegetais que vocês podem fazer!

E aí, ficou alguma dúvida? Comente aqui!

 

Compartilhe esse post:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

ESCRITO POR
Luiza Helena
Siga nas redes