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Mas nem peixe?

Não, nem peixe!

Canso de dizer que pescetarianismo não tem N A D A a ver com vegetarianismo.

O vegetarianismo consiste na prática de não usar animais para fins humanos e isso inclui todos os animais, sem exceção.

“nós somos iguais”

Se você decidiu parar de comer outros tipos de carne, mas decidiu continuar comendo peixe, total respeito à sua decisão, inclusive os porcos, as vacas e a galinhas agradecem! Mas isso não se enquadra em nenhuma categoria do veganismo, ok?

O veganismo é sustentado por 3 pilares principais: os animais, o meio ambiente e a saúde. Vamos entender como a indústria do peixe afeta cada um desses pilares?

Animais

Por ano, 2,7 bilhões de peixes são retirados do mar, sendo 40% descartado por ser parte de uma captura acessória (captura acessória, acidental ou incidental, ou ainda colateral, é a captura de espécies diferentes da espécie-alvo de uma pescaria, que normalmente são descartados por não ter utilidade à pesca em questão), e 30% são usados como ração para gado. Ou seja, apenas 30% são usados para o consumo humano (810 milhões dos 2,7 bilhões).

É um número extremamente chocante. Mas se você faz parte daquelas pessoas que acreditam que peixe não sente, que são apenas objetos nadando no mar sem propósito, tenho uma péssima notícia para você. Peixes sentem sim. Acreditar que não, pelo fato de eles não expressarem dor de uma forma semelhante à nossa é especismo (mas não vou entrar nesse tópico). Quando sentem dor ou medo, eles costumam mudar a forma que nadam, podendo aumentar a velocidade, diminuir, ir mais para baixo ou até mesmo ficar parado. Algumas espécies podem mudar de cor diante a uma situação de risco. Uma pesquisa mostrou que alguns peixes, a truta em particular, mostram medo e tentam evitar objetos desconhecidos, e verificou que demoram um tempo antes de se aproximar desses objetos, por vezes, evitando-os em absoluto.

Peixes, mamíferos e outros animais marinhos como quaisquer outros animais terrestres, são sencientes (capacidade de sentir conscientemente a dor, alegria, medo, etc.), são extremamente inteligentes, (polvos, por exemplo, são mais inteligentes que cães e gatos), possuem grupos sociais complexos, memória extraordinária e tem personalidade individual, você já assistiu Procurando o Nemo, não é mesmo?

E mesmo com pesquisas que apontem que esses animais são sencientes, os métodos de abates são absurdamente cruéis. Antes do abate, os peixes são atordoados, seja por golpes na cabeça, atordoamento elétrico, imersão em água fria ou intoxicação por dióxido de carbono. Os peixes sofrem por minutos antes de morrer e muitas vezes não estão inconscientes.

Os peixes podem ser abatidos sendo asfixiados e algumas espécies, como a truta por exemplo, podem demorar até 10 minutos para morrer. Existem vários outros métodos, que vão desde decapitação até deixar sangrando até a morte.

Se mesmo depois disso, você não se sente convencido a parar de comer peixe, não se preocupe, ainda temos outros 2 pilares para analisar.

Meio Ambiente

Como eu disse no último tópico, 30% dos 2,7 bilhões de peixes que são retirados do mar viram ração para outros animais, e eu não preciso nem falar como a agropecuária é a maior vilã do meio ambiente não é mesmo? (na verdade eu preciso, e vou, não se preocupem, enquanto não escrevo sobre você pode acessar o post onde eu falo rapidamente da poluição causada pelo gado em comparação com a soja).

A Pesca comercial está devastando ecossistemas marinhos, incluindo antigos belos recifes de corais, redes e lixo de pesca continuam a prender e matar animais marinhos.

Ela é realizada em grande escala com barcos equipados de sonares capazes de localizar cardumes de peixes a quilômetros de distância, redes de malha fina de alta qualidade, inúmeros pescadores profissionais em uma mesma embarcação e é praticada em alto mar. Essa, sem dúvida, é a pesca que representa maior relevância econômica para os países, porém é a que mais acarreta prejuízos ao meio ambiente.

Os arrastões com as redes devastam habitats inteiros, como os recifes de corais, que servem como abrigo e criadouro de muitas espécies, sendo importantíssimos na manutenção da vida marinha. Na maioria das vezes, os navios pesqueiros deixam um rastro de poluição nos mares, como as redes de malha fina, cordas, arpões, anzóis entre outros materiais, sem falar na quantidade de óleo e combustível que sai dos motores e podem contaminar ecossistemas marinhos inteiros. Você provavelmente já deve ter visto imagens de tartarugas que têm seus cascos deformados ou morrem enroladas por redes deixadas à deriva, ou então registros de aves com as penas sujas de óleo no meio do oceano que não conseguem voar, nem manter a temperatura corporal e também acabam morrendo.

Devido à pesca industrial, muitas espécies estão sendo ameaçadas de extinção, além de ter diminuído drasticamente o nível de peixes “disponíveis” para a pesca. Na Tailândia por exemplo, quando comparado com 50 anos atrás, a quantidade de peixes pescados diminuiu em 14%, mesmo com mais tecnologia e mais mão de obra disponível. Isso leva a uma perda de lucros, ao aumento da pesca ilegal em santuários marinhos, a métodos de pescas intensivas que não permitem tempo para a desova e também resulta em trabalho escravo.

E a pesca sustentável? Se hoje fosse extinguida a pesca comercial e todos vivessem de pesca sustentável, mesmo assim não seria possível pagar a dívida que temos com o oceano.

Saúde

Vamos agora no ponto delicado da questão. O peixe é visto por muitos como uma “carne saudável”, quando alguém está de dieta costuma comer um peixe e dizer que está comendo uma carne “limpa” ou que está respeitando seu corpo e sendo “fitness”. Será mesmo que isso é real? Ou não passa de uma crença antiga e enraizada da sociedade?

é saudável mesmo?

Como diz Hana Khalil: “Alguém posta foto de um peixe e fala que está comendo e respeitando o corpo porque é um templo. Um templo de mercúrio só se for.

Os peixes vivem em ambiente cada vez mais poluídos e as toxinas da água acumulam-se no seus corpos.  Estudos têm mostrado que a maioria dos peixes do mundo contêm níveis perigosamente elevados de mercúrio.

A exposição a este metal traz graves consequências para a saúde, entre as quais o aumento de risco de câncer, doença cardíaca e até a morte. Estudos comprovaram que quando um grupo de pessoas deixou de consumir peixe, os níveis de mercúrio no sangue diminuíram e com isso diminuem também a perda de cabelo, a fadiga, a depressão, a falta de concentração e até a dor de cabeça.

 

Os peixes também contêm níveis elevados de bifenilos policlorados. Químicos perigosos que têm sido associados a problemas neurológicos e defeitos congênitos em bebês que foram expostos, até porque a única maneira desse composto sair do seu corpo é através da gravidez (sorry homens).

Dizem também que o peixe faz bem para o coração, certo? Mas as pessoas que optam por peixes para tentar proteger os seus corações, podem não perceber que os peixes são, frequentemente, altos em colesterol. Enquanto uma costeleta de 85 gramas contém 70 miligramas de colesterol, a mesma quantidade de camarão contém 161 miligramas. Inúmeros estudos têm mostrado que o consumo de colesterol corresponde a um alto risco de obstrução das artérias.

Embora os peixes contenham ômega 3, a maioria da sua gordura não é saudável. Entre 15 e 30% da gordura dos peixes é efetivamente gordura saturada, o que estimula o fígado a produzir mais colesterol. Em 100 gramas de atum, 47,8 g de colesterol pode ser encontrado e apenas 0,5 g de ômega 3.

Mas é só nos peixes que se encontra a ômega 3, não é? Não senhoras e senhores!

Existem três tipos de ácidos graxos do tipo ômega 3:

  • Ácido alfa- linolênico (ALA): encontrado principalmente em óleos vegetais, nozes e nas sementes de linhaça, é o tipo de ácido graxo mais comum na alimentação brasileira;
  • Ácido eicosapentaenoico (EPA): obtido a partir do consumo de peixes (como o salmão) e leite;
  • Ácido docosa-hexaenoico (DHA): assim como o EPA, é também encontrado no óleo dos peixes, sendo conhecido como “ômega 3 marinho”.

Então se acalmem, ninguém vai morrer por ficar sem comer peixe, pelo contrário, se você parar pode dar a chance para várias espécies marinhas sobreviverem.

Fora que, é o que eu sempre digo, você sempre vai achar uma alternativa vegana para substituir qualquer alimento a base de carne que você goste. No caso dos peixes, existe uma planta chamada Stachys byzantina, também conhecida como “peixinho”, “orelha-de-lebre”, “lambari” ou “sálvia”, dependendo da região. A receita básica indica que as folhas, lavadas e secas, do peixinho da horta, podem ser fritas, empanadas ou não, e servidas como guarnição ou aperitivo. (Em outro post eu trago algumas receitas feitas com o “peixinho” para vocês).

Pesca esportiva

Um tópico que me perguntam bastante quando o assunto é peixe, é sobre a pesca esportiva. Se você só se importa com o meio ambiente e com a saúde no tópico veganismo, o que vou falar agora pode não fazer muito sentido para você.

Quando você pega um peixe, você fisga um anzol na parte mais sensível do peixe e puxa com toda força, o peso do corpinho inteiro dele. Imagine sua parte mais sensível sendo furada com um anzol e você sendo puxado por isso. Não é porque o peixe não está gritando que não está doendo. Ele se debate, ele tenta de tudo para voltar para a água. Além de estar com dor, ele está sendo asfixiado.

O veganismo é sobre respeitar os animais, não temos o direito de tirar o peixe de onde ele está, colocá-lo numa situação estressante e dolorosa, depois devolver ele na água e achar que está tudo bem. Além de que, devido à boca machucada, muitos acabam morrendo por não conseguir se alimentar.

“Esporte é quando todos os envolvidos estão ali por livre e espontânea vontade, pode ter certeza que não é o caso do peixe”. – Fabio Chaves.

E você, conhece alguém que está na trave do veganismo mas ainda falta o peixe? Ou você passa ou já passou por isso? Espero que esse post possa ajudar!

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ESCRITO POR
Luiza Helena
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